sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Ando Lab Party

Vou recordando eventos à medida que tenho tempo, claro, mas também à medida que me apetece falar neles... como para os deixar amadurecer um pouco talvez, ou poder acrescentar algumas considerações, ou juntar num só relato vários episódios.

Agora com o meu novo melhor amigo (o Mac), que às vezes vem comigo para o atelier, torna-se bastante mais fácil ir escrevendo durante o meu tempo de commuter... a minha leitura é que, coitada, vai levar uma valente talhadela...

O evento que agora vos apresento passou-se na semana passada, sexta-feira. Por coincidência, ou por fruto da minha vida tripartida Tokyoita (Chiba, Tokyo, Atelier), numa mesma noite tinha três eventos: festa no atelier, para a despedida de um que acabou de ser colocado no atelier Ban de Paris ; festa de chegada a Tokyo dos Ausmips de Fukuoka (cidade noutra ilha mais a Sul), nomeadamente do Sebastien, meu outro grande amigo que veio também da faculdade de Lisboa e finalmente, uma Ando-lab Party, em honra dos anos do professor Ando, de mais dois alunos e  de mais outros quantos acontecimentos que agruparam na mesma festa.

Regra de honra posta em prática neste caso, a do maior respeito, e para Chiba me dirigi.

A festa, marcada para as 5 da tarde, na faculdade, constava de um jantar, feito ali mesmo pelos alunos – já referi em tempos que uma das salas tem uma cozinha improvisada -, com os alunos do laboratório, o famoso professor Ando e dois aliens, o belga e eu.

Continuo a referir-me a nós como aliens porque apesar de sermos já bastante amigos de alguns alunos japoneses, dentro do contexto geral do departamento de arquitectura, somos um fenómeno. Não pensem que é falta de humildade o que aqui escrevo, mas às vezes é assim mesmo que o sinto... fenómeno não por feitos realizados, mas simplesmente por sermos uma espécie de atracção.

De facto, por várias vezes já me foram apresentadas pessoas com o seguinte comentário: “they will come sometimes to talk to you”. Certo...

Tenho vindo a perceber que isto tem dois motivos: o primeiro, o facto de sermos europeus e trazermos todo um leque de conhecimentos diferentes, sobre os quais os japoneses estão genuinamente interessados. Segundo, somos um óptimo meio para eles treinarem o Inglês.

Na festa quase que vinham falar connosco à vez. Fiquei deliciada... não só é uma demonstração perfeita de acolhimento, como uma diversão pegada, para nós e para eles.

 Ao lado do Jan, à direita, o Junichi, que esteve em Lisboa, e ao meu lado, o famoso Mr. Ando, na festa

Confesso que é uma massagem ao ego extraordinária contar coisas várias, sobre Portugal, Europa... e ter pessoas a ouvir que realmente estão a ouvir e a absorver.

Exemplo: começámos a falar em torres, um dos alunos japoneses que tinha estado em Lisboa falou na Torre de Belém, em jeito de brincadeira, pelo tamanho comparado com os arranha-céus...

Eis se não quando dou por mim a dar uma pequena aula sobre Lisboa, Belém, a Torre, os Jerónimos ... apenas a tentar dar algumas luzes sobre o nosso papel nos descobrimentos e o sentido que tinham para Portugal.

Já estava contente por ter uma audiência tão atenta quando, vejo a cereja sobre o bolo: um dos alunos (de arquitectura, e momentaneamente meu aluno também...) estava a tirar apontamentos !!!

Que maravilha...

 

O quadro e o aluno atento .... 

Outra característica destes meus hóspedes é serem altamente fofoqueiros, de tal forma que qualquer informação é rapidamente circulada pelos restantes.

Um dos episódios que já me ocorreu foi de ter uma vez perguntado a um deles se conhecia um grupo chamado “yura yura teikoku”, que tinha ouvido na Fnac cá do sítio e tinha-me parecido bom. Na festa, tenho de repente um grupo de semi góticos com um ar um tanto duvidoso, a virem ter comigo com um ar feliz e dizer

“You like Yura yura teikoku? We are yura yura teikoku fans!”

Imaginem o meu espanto ... que ando eu a ouvir ?!! E que andam eles por aí a contar...!

 

De resto, a festa constou de (muito) álcool, muita comida (constantemente a servirem-me mais...) e muita diversão, que culminou com a saída nocturna... para o karaoke!

 

Não sei se sabem, mas o karaoke nasceu no Japão, e é o divertimento predilecto dos Japoneses. Em qualquer terriola, rua ou avenida existe um karaoke. Em Tokyo então vêem-se prédios atrás de prédios SÓ para karaoke. Melhor : já me constou numa das minhas aulas que há companhias imobiliárias a desenvolverem projectos onde, da mesma maneira que para nós um “extra” nos novos condomínios são os ginásios, para eles é ... uma sala de karaoke.

E do que consta? Várias salinhas, com capacidade para 2 a 12 pessoas (acho que há umas maiores mas ainda não as vi), com um ecrã gigante, 2 micros, e acessórios musicais – tipo marracas.

E os Japoneses são tão loucos por isto que nesta saída, em que deveríamos ser uma dezena, comecei a estranhar ao fim de um tempo por sermos só 5 dentro da sala. Quando perguntei onde estavam os restantes obtive a seguinte resposta:

“estão na sala do lado ... 10 numa só sala canta-se pouco”.

Ah bom... visto assim, têm toda a razão! E começo a achar que as salas maiores são só para estrangeiros... como nós.

 

Quem me conhece sabe bem que canto tão bem quanto ... uma cana rachada. Mas sim, cantei que me fartei!

Não se preocupem, não rompi os tímpanos a ninguém... estas máquinas de Karaoke são inteligentes: não só costumam estar com um volume altíssimo, de maneira que ouve-se mais o instrumental que a própria voz, como transformam a nossa voz! Dão lhe assim um certo eco, com um ar mais místico... hehe

 

E o que se canta ? TUDO. Até Madredeus lá encontrei... no meu caso opto pelas clássicas dos anos 80, que serão sempre mais fáceis! Os Japoneses escolhem, claro, músicas japonesas (têm um repertório vastíssimo!) mas também se aventuram a músicas em inglês, que obviamente dá direito a um espectáculo inédito.

Palavras inventadas, atitude rock star nipónico-ocidental... um must!

 

  Performance multi-cultural


E agora confesso... todos estes meus conhecimentos derivam do facto de já ter ido outra vez ao Karaoke, desta vez com mais internacionais... e aqui têm a prova do meu desempenho! 

(eu, Nuno -Portugal -  e Freya - Belgica )

1 comentário:

Unknown disse...

Well, well, completamente integrada. Os meus amigos, o meu melhor amigo Mac é que é uma pequena desconsideração para os outros sinceros do coração. Chama-lhe antes o teu Parker - obediente e reverente; o teu bobby - segue-te para todo o lado sempre que lhe dás a honra de o levar pela trela ou ao colo; e um bocadinho o teu shrink, que, não destoando dos outros, ouve-te, não comenta, e obriga-te a raciocinar enquanto pensas por escrito.
O outro alien faz contigo um belo par - o ocidente está muito bem representado.
O professor é que talvez pudesses convidá-lo para vir contigo, passa umas pequenas férias, e eu depois vou lá pô-lo. Não me importo nada de fazer isso Por TI.
Bjs
Min