quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Era uma vez SBA...

Depois de tanto tempo sem dar notícias, o mínimo que posso fazer, antes de mais, é começar a actualizar as novidades, e a primeira é esta.

 

Bastante antes do previsto, decidi acabar o estágio.

Vários motivos para justificar esta escolha. Primeiro, o trabalho que lá fazia (maquetes essencialmente) foi interessante nos primeiros tempos, não tanto pelo trabalho em si, mas para ir conhecendo o “staff” efectivo para tentar perceber o funcionamento do atelier – e quantas coisas se descobrem!-, meter o nariz em vários projectos,  aprender a fazer maquetes decentes uma vez por todas (!!!), etc etc. Mas após esta primeira fase de descoberta, ficar até às onze da noite todos os dias a fazer maquetes, começa a ser um tanto frustrante...

Segundo, realizei que daí a 3 meses me ia embora, ainda tinha uma tese por escrever, muitas viagens por fazer, certas áreas de Tokyo ainda por conhecer e visitas parentais a receber! De facto, tinha chegado o tempo em que comparando o que aprendia no atelier com o que aprenderia em viagem, a balança começou a pesar para o lado da viagem. Neste passo, as opções e vontades tornaram-se mais claras, e a vontade de sair do atelier cresceu... No princípio de Janeiro decretei que no fim do mês me iria embora.

No final, não me posso queixar, porque as últimas semanas foram um verdadeiro presente em termos de trabalho: em vez de trabalhar na produção de materiais diversos para o projecto (maquetes, imagens, etc...), tive a sorte de poder trabalhar mais em desenvolvimento de projecto, para uma casa privada.

Foi fantástico, interessantíssimo, aprendi mais do que nos meses passados e... saí em grande e em tempo certo (isto é, antes de me colarem outra vez à mesa de maquetes...)!!

Não que alguma vez ele vá ler isto e ainda menos perceber o que escrevo, mas fica para a posteridade cibernética: obrigada Suzuki-san!

 

[Foi graças a ele que pude fazer este trabalho... foi lhe passado este projecto de repente mas, estando cheio de trabalho, passou-me a batata quente... Obviamente tudo o que eu desenhava era revisto por ele, mas foi muito giro, pelo trabalho em si claro, mas sobretudo porque tendo ele crescido no Canadá, não houve qualquer tipo de problema a nível de comunicação, e ainda aprendi algumas coisas sobre pormenores no Japão].

 

Uma questão estranha no atelier é que, quando um dos arquitectos associados se vai embora, não há festa para ninguém – aparentemente os bosses não gostam quando perdem algum elemento da equipa – mas, quando saem estagiários, temos direito a cocktail, presente e discurso ... Deve ser para compensar a inexistência do nosso salário!

 

Desta vez então, que festarola, fomos 6 estagiários a sair ! Tivemos direito a sushi, a um dos arquitectos cozinhar, cervejas sem fim, vinho ... e ainda presenteei o atelier com um belo vinho do Porto, que naturalmente adoraram e choravam por mais !

Um dos arquitectos até me pedia para, quando regressasse a Portugal, enviar mais vinho para o atelier, com pagamento ao receptor – o chefão !

 

Depois portanto deste cocktail, outro facto inédito surgiu: conseguimos arrastar mais de metade do staff a sair do atelier a horas decentes (9 da noite), para virem connosco festejar ao Karaoke!

Que diversão .... passo a explicar: a maravilha do karaoke, pelo menos cá no Japão, é que, passados 20 minutos e uma cerveja, até o mais tímido agarra no microfone e dá largas à garganta! Logo, é uma noite altamente interactiva - em que tudo se junta para cantar, conhecendo-se bem ou não - e divertida. Tendo ali staff então, conseguimos algumas performances nipónicas.

Ainda por cima, karaoke onde vamos fica situado num pequeno bairro extremamente pacato, e não se trata de um karaoke dos tempos modernos, não não... É sim um “old style karaoke”, que em vez de serem as salas privadas dos complexos modernos, é um simples bar... com um super sistema de karaoke! Este ainda tem de especial que veio conservado desde os anos oitenta, com veludo castanho nas paredes, dourado no balcão, mesas em plástico marmoereado.... e clientela local, que leva muito a sério a tarefa de cantar num karaoke! Estes, depois do espanto de verem um bando de estrangeiros ali enfiados, mais parece que nos querem ver dali para fora, pois nós só gozamos a cantar, fazemos tudo por cantar mais alto que o vizinho e a afinação é a menor das preocupações... Confesso que nos pareceu, numa das últimas sessões, aplaudiram valentemente apenas quando... perceberam que nos íamos embora!

 

Para perceberem do que falo, o melhor mesmo é verem estes vídeos .... não ponham o volume muito alto, para bem dos vossos tímpanos !!



It's alive!

Queridos amigos e família,

VOLTEI !!

De facto já era mais do que tempo para ressuscitar este blog. Desta vez não há grandes desculpas quanto à minha ausência...

Apenas um conjunto de pequenos factores: a vinda do João, que me descolou do computador durante duas semanas, trabalho intenso no atelier e, claro, quando se perde o ritmo à escrita, vem preguiça... “Amanhã escrevo” “Escrevo quando voltar daquela visita” “Escrevo depois daquela dita festa”. Os dias vão passando, e nada se escreve ... até ao belo dia que de repente volto a abrir o blog para mostrar uma fotografia a um amigo e ... choque! Já não escrevo há mais de um mês... que vergonha!

Ainda há outra questão: passado este tempo, certas características do dia a dia já entraram no mundo das imagens quotidianas – quase – normais.
Um senhor deitado no comboio ? Normal.
Repetir 40 vezes “nihon-go wakarimasen” [não percebo japonês] e levantar os ombros, de olhos bem abertos com ar de vítima, enquanto a senhora da lavandaria continuar a falar comigo durante 5 minutos em Japonês com um ar muito entendido... normal.

Mas vou fazer os possíveis para manter o meu espírito nipónico ainda inocente, para vos mostrar algumas da peculiaridades deste país longínquo...