quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Shinjuku Station. 23.45






"Serving as the main connecting hub for rail traffic between central Tokyo and its western suburbs on inter-city rail, commuter rail and metro lines, the station was used by an average of 3.31 million people per day in 2006, making it the busiest train station in the world in terms of number of passengers. Including an underground arcade, there are well over 200 exits.

In terms of area, Shinjuku is the second-largest station in the world after Nagoya Station."

in Wikipedia

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Tufão

No sábado passado os meus amigos japoneses tinham organizado um tour arquitectónico, para vermos perto de Tokyo uns quantos edifícios, landmarks da arquitectura contemporânea.
Com encontro marcado de manhã na estação, aparecemos nós, o belga e eu, de chapéu de chuva em punho e um pouco chateados com o tempo, para um dia de visitas.
Ainda tínhamos alguma esperança que o tempo mudasse quando o Nori, um dos Japoneses, nos diz com o ar mais tranquilo do mundo: "oh, don't you know? There's a typhoon passing by".

Imaginem o meu ar de espanto ao saber que um tufão estava por cima da minha cabeça... para nós europeus, onde o clima ainda, apesar de tudo, se controla minimamente, um tufão soa a furacão...

Felizmente para a nossa segurança, aqui um tufão é meramente ..... uma chuva forte com ventos fortes.
Mas infelizmente para a visita, que foi feita de sol a sol com pés ensopados e calças empapadas até aos joelhos.

O nosso estado era tal que, tendo sido convidados para jantar em casa do nosso professor, Masao Ando, ao chegar à estação de casa dele, tivemos de fazer uma paragem estratégica para ... comprar meias!! Pois é, num país onde nos descalçamos em todo o lado, chegar a casa do "mestre" de pé molhado não calhava lá muito bem.

E assim, de meia nova (e no meu caso, de leggings novas... as calças não estavam claramente apresentáveis) entrámos na casa do Professor, para um jantar muito agradável, numa casa de gosto bastante aceitável e toda em madeira - "please don't burn the floor", dizia o Mr. Ando com um sorriso na boca.

Como o Jan (o belga) e eu éramos os convidados de honra, o Mr. Ando preparou um jantar "à europeia" porque sabia que teríamos saudades da nossa comida... couves de Bruxelas para o Jan, ginginha para mim, lombo de borrego e queijo para todos ! Sim, cá queijo é um verdadeiro luxo...se conseguirem enfiar um queijo num envelope, e este passar a alfândega, ganharei o dia !!!

E, segunda surpresa em jeito de conclusão... durante o jantar comecei a ver os japoneses todos contentes a combinarem a sucessão dos eventos depois do jantar, e as possibilidades que teríamos: all-night karaoke, all-night manga shop (livraria de BD japonesa...)... tudo ideias que me pareciam engraçadas, mas sinceramente, ensopada depois de um dia de passeio não sei se tinha força. Perguntei inocentemente: "e voltar para casa não é uma opção porque..." "porque o tufão às vezes estraga as linhas comboio". Ah bom. Assim sendo melhor será ficar por aqui mesmo .... mas, graças a Deus, ligou-se a televisão e as notícias mostravam que o tufão já tinha passado a costa de Chiba. Estávamos safos!








Um dos edifícios que visitámos, a Tama Library de Toyo Ito. No lobby da biblioteca, eu com cara de "tira lá a fotografia" em companhia do assistente, Shoohei (confesso que só me lembro do nome dele se pensar em shoe -sapato- e Hey!)

Tokyo e Maria





Do alto do Marunouchi Building

"the real estate underneath the Marunouchi Building is the most expensive in Japan, with a price of a cool 21,000,000 yen per square meter ($US 200,000)."

O estágio

Como devem calcular, com o estágio resta-me bastante menos tempo para ir actualizando este blogue, mas não desistam que de vez em quando cá apareço !

Antes de mais - isto é, de contar como está a correr - deixem me explicar como sucedeu esta revira volta.

Há algumas semanas atrás conheci um húngaro que, pelo meio da conversa, me conta que estava a trabalhar no Shigeru Ban. Ao ouvir este nome os meus olhos provavelmente rebrilharam e disse "ah que giro, para trabalhar cá seria um dos ateliers que me interessaria".

Dito e feito, passados dois dias (terça feira) tinha um mail do húngaro (apresentando-o: Mathyas) a dizer que já tinha falado com a pessoa responsável dos estágios e que eu deveria enviar para lá o meu currículo e portfolio.

Como nessa altura ainda não tinha o portfolio feito, e depois de falar com o Mathyas, pensei que o melhor seria mandar só o currículo por enquanto, e mais tarde, pensava eu, enviaria o portfolio.

Na quinta feira então, com nervos na barriga, enviei um mail com o currículo e uma pequena apresentação, candidatando-me a um estágio por seis meses, em part-time.

Eis o meu espanto quando, passadas DUAS HORAS tinha entrevista marcada para a segunda feira seguinte, já com o portfolio. Isto é que é eficiência japonesa....
Eficiência essa que tive de aplicar para montar o portfolio ! Para quem já teve a experiência de fazer o portfolio, fazê-lo em 2 dias, com visitas e passeios à mistura, não é propriamente evidente.

Mas de alguma forma (e muito a pontapé) consegui compilar os trabalhos de maneira minimamente apresentável. Confesso que, para ter uma referência, tinha previamente visto os portfolios dos alunos japoneses, que eram mais trabalhados que o meu, certo, mas de grafismo relativamente simples, exemplo que eu fiz questão de seguir...

De portfolio em mão, dentro de um saquinho que fiz de propósito para a ocasião, cheguei ao atelier.

Não imaginam o meu espanto quando, antes mesmo de abrir o portfolio, já se falava em horários de trabalho, como funcionava o atelier, o que aqui fazia ... e tudo isto já com o papel "bemvindo ao atelier" em cima da mesa.
Obviamente que depois de tudo isto, com a maior das confianças apresentei o meu portfolio, independentemente da sua qualidade, seguindo o conselho da minha querida irmã "mostra que és um máximo", mas também não esquecendo o cerimonial e humildade japonesa... que diplomacia!

E assim foi. Ao acabar de apresentar o projecto e de duas perguntas genéricas sobre o meu trabalho, chegou a grande questão:

"when can you start working?"

Não sonham o sorrisão que tive de conter ... Com os olhos a brilharem pelo que não podia sorrir, fui apresentada ao staff...

Como já me tinha sido dito, o trabalho de estagiário é essencialmente fazer maquetes e alguns desenhos. Quem me conhece deve estar neste momento a ter a mesma reacção que tive ao sair da entrevista "acabei de ser contratada para 6 meses de maquetes que não sei fazer !!!!" Para os leigos, e especialmente a minha querida família, as minhas maquetes até podem ser engraçadas, mas quem trabalhou comigo bem sabe como as faço ... hihi


Estando combinado que às terças não trabalho para estudar, na quarta feira apresentei-me então ao serviço. O ambiente bastante relaxado a esta hora, com ainda a maior parte do staff a chegar. Outro estagiário, americano, ofereceu-me logo um café (americano) e dizia "Portugal ... yeahh... how nice...", apesar de horas depois me perguntar factos sobre Portugal, pois não sabia rigorosamente nada sobre este nosso país.

Vou vos poupar a descrição hora a hora da minha estadia no atelier, mas sim dar umas luzes sobre o que lá se passa. Peço desculpa se é informação relevante sobretudo para arquitectos, mas ainda se descobrem uns factos interessantes sobre a cultura japonesa:

- é um atelier surpreendentemente pequeno para o trabalho que tem. É verdade que tem mais um atelier em Paris e outro associado em Nova Iorque (que chatice...) mas para atelier-base, contei uns 12 arquitectos fixos e 6 estagiários. O segredo parece-me ser este : cada Japonês vale por 2 ocidentais !!
Por mais que vida de arquitecto seja difícil, eles aqui ultrapassam tudo. O horário normal é das 10 da manhã à 1 da manhã, senão mais. Chega à hora de jantar e, naturalmente, vão todos - e eu inclusive - buscar o "bentô", refeição pré-cozinhada, sentam-se na sala de reunião e meia hora depois já está tudo outra vez em frente ao computador, como se almoço fosse.
O que vale é que como estagiária, só em caso de aperto maior de trabalho terei de ficar até tão tarde (se bem que até agora houve sempre apertos de trabalho e reuniões marcadas para as 11 da noite...). E tenho ainda um bónus: como vivo longe têm pena de mim e mandam me para casa ... de facto ainda não tinha dito isto, mas demoro hora e meia a lá chegar, mas pelo menos pagam-me os transportes !

- apesar da intensidade do trabalho, o ambiente é bastante simpático, para uma estrangeira: todos os "staff" são obrigados a ter um bom nível de inglês e os estagiários são todos estrangeiros, dos quais se contam até agora : americano, neozelandês, indiano, japonesa/alemã e o famoso húngaro. E para além da língua, tanto staff como estagiários parecem bem dispostos, abertos e divertidos.

- vou mudar a expressão "trabalho de chinês" para "trabalho de japonês", porque não sonham a perfeição do trabalho ... e a paciência. Noutro post - este já vai longo demais ! - conto como é o meu "colega" japonês... mas para ficarem com uma ideia, aqui tudo tem técnica, começando pela maneira de agarrar no x-acto, como se fossem pauzinhos! E de facto funciona... se eu soubesse isto 5 anos atrás ! Mas como pauzinhos não temos, pode-se dizer que eles vão com alguns passos de avanço....

- para quem duvida da validade de um estágio de maquetista /desenhista, digo que neste caso até tenho muita sorte, porque os estagiários ainda podem participar minimamente no processo criativo, porque são nos postos problemas e temos de resolver ... em maquete. Somos também convidados a assistir às reuniões de projecto com o próprio Shigeru Ban, e é engraçado ver como se desenvolve todo o processo: ele à cabeceira, o braço direito do lado direito, o chefe de projecto do lado esquerdo, as associados, e lá bem no fundo da mesa ... eu, a estagiária. hehe Mas ainda assim tomo a liberdade de me levantar ligeiramente e ver os desenhos e apontamentos sobre as maquetes. Isto sim, são aulas.

Resumindo, e concluindo, estes poucos dias anunciam um estágio duro, cheio de trabalho, mas onde certamente hei de aprender bastante, em experiência, em arquitectura, em estaleca e, acima de tudo, em perfeição nas maquetes !!!



Como prova... a porta do atelier




E a carteira do portfolio...! Aos interessados, posso comercializar o modelo !!



quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Maria's day

VOU ESTAGIAR !!

Pois é notícia de última hora ... vou estagiar para o Shigeru Ban, que para quem não conhece é uma estrela em ascensão na arquitectura mundial, criador de novos sistemas construtivos utilizando materiais atípicos na construção (nada de loucuras ... apenas papel e bambu), e com uma linha que gosto muito.
Ainda para mais, deve ser boa pessoa, pois é fundador da VAN, Volunteer Architects Network, que une arquitectos que se disponibilizam para criar habitações temporárias de emergência em caso de catástrofe natural.

Noutro dia conto mais em pormenor como fui lá parar, mas por enquanto deixo só dois links:

- do atelier: www.shigerubanarchitects.com

- do blog do Pierre, outro AUSMIP que me dedicou um post (porque no dia em que sobe fomos jantar e beber um copo de champagne !): http://narcotokyo.blogspot.com/2007/10/marias-day.html

(merci Pierre pour la coupe de champagne!)

para quem tiver preguiça de lá ir ver, aqui vai a fotografia da champagne:


(apresentando: Eu, Pierre (França), Freya (Belgica), Manuel Tojal (meu grande amigo já de Lisboa) e Nuno (também de Lisboa e lá da faculdade)

Já agora, apresento uns novos links aqui do lado direito: os blogs de outros ausmips, para irem vendo outras fotografias.... muitas vezes bem melhores que as minhas!! A minha mini maquina é óptima para ter no bolso, mas a qualidade ainda tenho de a dominar melhor... (sim, a minha qualidade como fotógrafa não está posta em causa!!! hehe)

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Tour Geriátrico

Antes de mais, peço desculpa aos mais fieis leitores por ter descuidado o blogue nos últimos 4 dias ... pois é querida Tia, a vida por cá é bastante intensa e vão se acumulando coisas para fazer e.
.. coisas para contar !! Por isso hoje voltei para vos pôr a par. Cá vamos.

Há já uns 10 dias (que cá parecem uma eternidade, não por aborrecimento mas pela quantidade de eventos durante um só dia ... cá não se vivem 24h mas 48...) conheci uma turca, também arquitecta, que cá está há já três anos, e me conto uque no primeiro ano dela tinha descoberto meia Tokyo com um grupo de reformados na Universidade de Tokyo, cujo hobby era passear jovens estudantes estrangeiros, mostrando-lhes partes escondidas de Tokyo.

Obviamente, achei absolutamente imperdíveis tais visitas e perguntei, se não fosse inconveniente, se me podia dizer onde encontrar esse grupo maravilha. Dito e feito, passados dois dias ela manda-me um email a dizer que já tinha dado o meu nome ao organizador - chefe, e que em breve receberia um contacto deles. No mesmo dia recebo efectivamente o seguinte mail:

dear Miss Maria Cudell
Thank you for your mail.
You are welcome to join our activities .
Coming Saturday we will visit Rikugien Garden as attached .Can you come to it?
That is the most beautiful Japanese Garden in Tokyo. We also visit a town
near by where old Tokyo remains.
HIsanori Tanaka

como poderia negar tal convite ?? "most beautiful garden in Tokyo ? " "town where old Tokyo remains"... Vamos a isso !!

E no sábado, às 13h em ponto lá estava eu debaixo da cerejeira à porta de estação de metro - acho que um encontro destes só podia ser marcado por um Japonês... - onde encontro um verdadeiro clube geriátrico, divididos em 4 grupos, cada um com a sua bandeirinha prateada a indicar o número do grupo. De repente revi os bandos de turistas Japoneses a passearem-se em Paris (e agora já mais comum, Lisboa), sempre com a famosa bandeira ou algum objecto comprido.

Quando todos os "jovens estudantes " tinham chegado e sido devidamente colocados no seu grupo, seguimos para a visita da "old Tokyo". O que entendiam por isto ? Uma antiga rua mercante, com algumas lojas novas e outras velhas - desculpem me a descrição, mas foi assim mesmo que um dos senhores me descrevia a rua, loja a loja "here a new shop. here an old shop. here a new shop . here an old shop..." and so on and so on. E no final da rua, como se para se purificarem de tanto consumismo, um templo.

O templo (templo refere-se sempre a templo budista, enquanto "shrine" - altar ? - se refere ao xintoísmo) era, segundo um dos meus guias, muito popular nas pessoas mais velhas, pois era dedicado a KOGANJI, e aqui se rezava para "togemuki" o que significa "tirar as maleitas" e também especialmente tirar as maleitas da família. Percebem agora porquê o ser muito querido pela velhada nipónica ... pelos vistos têm as mesmas preocupações que a nossa !!
Neste templo lá fui encaminhada para as fontes de água, para me purificar também, lavando as mãos e bebendo um gole, e para uma espécie de cinzeiro gigante de incenso, cujo fumo também nos purifica.

Após todo este ritual, e sempre com os meus guias a indicar passo a passo como pôr as mãos e o que fazer ou pensar, só faltava mesmo deitar a moeda em frente à égide... mas não era bem deitar, mas sim atirar para um receptor enorme. Quem me conhece perceberá quando disser que fiquei contente por ter acertado e não ter feito um estardalhasso no templo! Quanto às orações, espero que dêm resultado e que a minha querida família se encontre bem disposta... se não foram por intermediário de Koganji, com certeza o nosso Deus as terá ouvido.

Entretanto, deu para ir conhecendo estes personagens que se entretinham a passear e conversar conosco. Eram senhores reformados, nos seus 70, que se tinham formado na Universidade de Tokyo e seguindo, regra geral, uma boa carreira, desde doutorados em virologia a chefes de mega empresas, passando por representantes da ONU. Daí que todos falassem inglês e estivessem interessadíssimos em conversar e explicar como era o Japão e perguntar, em retorno, como era Portugal - todos conheciam obviamente o vinho do Porto e Pão de Ló, que cá também existe e se chama Castela.. houve algum equívoco na história deles pois foram chamar de Castela a algo que era nosso...!

Depois de sermos alimentados com doçarias e coisas estranhas locais ("so, like it?" "oishi desu" respondia eu no meu melhor Japonês... ao qual eles se riam perdidamente. Eu bem tento ....), seguimos para a fase dois do passeio, o famoso jardim mais bonito de Tokyo, o Rikugien.

E se era ! Perfeitamente cuidado, desenhado, com plantas escolhidas a dedo e as primeiras folhas a mudar de cor para um encarnado forte.

Que paz se vive ali, mesmo com mais visitantes - só Japoneses, que ali vêm respirar um pouco - realmente serve como escape à cidade. Saindo de lá sentimo-nos com mais energia e mais felizes (ainda!), tanto pela dose de O2 que recebemos, como pelo paisagismo em si.
Á entrada do jardim, um dos senhores, Kozumi Koike, decidiu que seria meu guia pessoal e, se eu não me importasse, me acompanharia durante a visita. Com certeza, respondo eu, e fui sendo orientado aos gostos e filosofias japonesas... a folha que cai, as árvores que dão energia positiva, as que enervam... fantástico!! Pelo caminho ia pegando no meu caderninho e escrevia-me os nomes das coisas em Japonês, e se necessário com um pequeno desenho ao lado. É impressionante a capacidade de expressão através do desenho que, regra geral, os japoneses têm, provavelmente pelo carácter pictográfico da escrita...

Dentro de um mês mais uma visita me espera ... até lá ficam com as fotografias !



A rua comercial ... atenção à bandeira prateada !

O templo



E agora deleitem-se com o jardim...







Não podia deixar de apresentar o meu guia, Kazumi Koike:

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Concerto Nishi Chiba

Estava eu a voltar para casa da faculdade, quando à porta da estação de comboio deparo com uma instalação gigantesca de cadeiras e material de concerto, todas viradas para umas escadas , que naturalmente serviriam de bancadas para a plateia, e um grande cartaz a dizer "18.30" (e mais algumas coisas que obviamente não percebi).

Perante a evidência dos factos, pensei "que bom, uma orquestra em plena rua, vou ali beber um cappuccino (cá não se bebe café de jeito) enquanto espero".

Esperei, e voilá o concerto !!

Hão de ver por vocês próprios, mas acreditem quando realmente chorei de tanto conter o riso.

Isto é um misto de "it's a small world" da Disney, de Nobita -desenho japonês para crianças, quem tem canal Panda e crianças em casa deve conhecer- , de West Side Story nipónico e, acima de tudo, um desconhecimento total do medo do ridículo.

Enjoy...








segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Metro4

Ao preço da fruta



Aqui percebi o valor de, em tempos, se oferecerem cestos de fruta ... o cesto de cima custa a modica quantia de 120euros...
E sim, cá a fruta é muito cara. Mas hoje estou contente, descobri uma pequena loja aqui em Chiba com fruta e verduras a preços normais ! Comprei tanta que nem coube no meu mini frigorífico ....

Rugby

A maior concentração de europeus em Tokyo das 4 às 6 da manhã, já de dia: a meia-final do campeonato de Rugby, França-Inglaterra!






(a minha fotografia está terrível mas já recebi comentários em como eu nunca aparecia ... ora cá estou eu com cara de bip às 6 da manhã, no fim do jogo, depois de ter estado o dia todo a passear !!!)

Yokohama

Este sábado fui passear a Yokohama, que fica a sul de Tokyo. É uma cidade parecida com outros subúrbios de Tokyo, mas mais agradável, e com um centro tão grande que parece Tokyo em si mesmo. Outra vantagem: está à beira mar - ou melhor à beira de uma enorme baía industrial. mas ainda assim foi fantástico sentir outra vez o cheiro a maresia !! Gaivotas é que não ouvi nenhuma... em compensação tinha o som das buzinas dos navios, como em Lisboa. Saudades...

No meu guia diziam ainda que havia um "jardim japonês" ... e fui à procura dele. Por entre autocarros, com o guia na mão, um caderno com frases em Japonês na outra e alguma ajuda das velhotas que ia encontrando pelo caminho lá cheguei ao Parque. Confesso que a primeira reacção foi um bocado de decepção, porque não era um Jardim Japonês como o concebemos normalmente, mas sim um parque, parecido com muitos outros.
Não baixando os braços, continuei a passear pelo parque pensando que provavelmente alguma coisa haveria de descobrir - parecia me ver ao longe um perfil de templo - e se não, ao menos teria passeado pelo meio das árvores, coisa que não faço há algum tempo. Engraçado era que o parque estava cheio de gente ... Japoneses gozando pique-niques que tinham trazido, com crianças, em casal etc, de kimono ou roupas ocidentais ... Parece ser um local de turismo local, para arejar da cidade ao fim de semana.

No fundo do parque, começaram a aparecer umas quantas casas e, como todas tinham um painel informativo, percebi a origem deste parque. No princípio do século XX, um rico industrial de fábricas de seda, decidiu que queria salvaguardar algum património arquitectónico do Japão e, sempre que sabia de alguma casa antiga ou templo em vias de destruição, ia buscá-lo, desmontava e voltava a montar no seu "jardim".
O resultado é um parque com um ar ligeiramente de parque temático, mas onde pelo menos se tem a oportunidade de ver casas tradicionais do século XVI, um bonito pagode e outras pequenas construções. E são de facto muito interessantes, na relação entre espaços, na relação com a natureza (por mais que as casas tenham sido recolocadas, segundo um panfleto que lá encontrei o dono do parque teve o cuidado de fazer arranjar o seu jardim com todos os preceitos japoneses de natureza e estações), a simplicidade, simetria, a maneira como a luz é filtrada pelas paredes de papel e refletida nas superfícies lacadas e no branco dos tatamis... Fantástico.
Enfim, o melhor é mesmo estando lá, mas ficam umas fotografias para terem uma ideia...















Depois da visita ao parque, passeei pela Chinatown de Yokohama. Ultra intenso, em vistas e ofertas comerciais, comidas etc... Atenção à loja (e eram várias!) de leituras da mão em série e ao templo "Kantey-byo" dedicado a Kanwu, deus do negócio ! E pelos vistos tem sucesso, tanto pela riqueza do templo como pela quantidade de lojas dos chineses que abrem pelo mundo fora!!









Finalmente, o porto de Yokohama, por onde passeei já de noite, com a vista para as torres novas, para os portos (e navios buzinantes), a torre farol (a luz lá em cima é mesmo encarnada e giratória! se funciona ou não como farol isso já terei de perguntar a quem saiba!) e, lá no meio, uma feira popular. Note-se que o aspecto da feira não tem nada a ver com as nossas ! Aqui tudo é limpo, esterilizado quase, com ar de Disney...








ps para os arquitectos: em Yokohama está o projecto dos FOA para o terminal de passageiros. Quando lá for de dia tiro fotografias e mostro...

Salsa Japonesa

Ainda me faltava contar aqui a minha primeira saída nocturna, que por acaso já foi há 10 dias ... o ritmo até agora tem sido tal que nem deu para relatar essa noite memorável. Mas este episódio não passa de hoje, antes que me esqueça dos pormenores. Então cá vai:

Com os ausmips de Tokyo (ausmip é o palavrão que designa os estudantes de arquitectura deste programa) tínhamos decidido ir dar uma voltar nocturna, mas desta vez para algum sítio que algum local conhecesse. O "local" neste caso acabou por ser uma portuguesa, antiga ausmip que se mudou para Tokyo por 3 anos, e que ia também sair, com mais outros quanto internacionais que estão por Tokyo a fazer mestrados e doutoramentos.

Parte dos "internacionais" do mestrado tinham tido uma apresentação nessa semana, por isso queriam festejar, arejar a cabeça e sobretudo dançar. E para o efeito escolheram ... um clube de salsa. A primeira reacção perante a ideia foi obviamente um pouco duvidosa (bar de salsa ?! pouco faz o meu genero...) mas de repente lembrei-me: um bar de salsa em Tokyo não será certamente como um bar de salsa em qualquer outra parte do mundo. Se não gostar da música será, pelo menos, interessante de se ver.

E com que espectáculo me deparei... Um bar, num primeiro andar de um prédio, onde os empregados eram um misto de Japoneses e Sul Americanos, forrado a espelhos, onde Japoneses dançavam. Passado algum tempo foram aparecendo mais alguns ocidentais, mas quando chegámos éramos claramente os únicos, sendo uma oportunidade de ver os Japoneses "dançar" salsa.

Porquê as aspas ? Vejamos: estavam uns 6 casais na pista, todos bem colocados na sua área de dança (não havia cotoveladas nem pisadelas acidentais apesar do espaço diminuto) e onde todos seguiam a preceito uma sucessão de passos, com um ar muito compenetrado (a roçar o ar de toureiro, de queixo levantado - provavelmente o que consideram ser um olhar latino...), muito direitos e compostos. Fundamental ainda era o olhar no espelho, de tanto em tanto, para garantir que os passos estavam a ser bem executados. Considerando a natureza das danças latinas, o ritmo, o mexe e remexe, eu não sei o que é que estes automatas estavam a fazer na pista, mas a coreografia essa, estava irrepreensível.

Não julguem que topei tudo isto por mera observação: a dada altura um Japonês, nos seus quarentas, convida-me para dançar. Meia surpreendida, meia sem saber o que fazer, lá fui eu. Eis se não quando ele agarra-me pela mão, coloca-se a 20 cm da minha pessoa, e começa a sua sucessão de passos e movimentos. Ora à esquerda ora à direita, ora põe a mão em pinça para pegar na minha (ainda fiquei uns segundos a olhar para a mão dele e a pensar "mas o que é que ele quer ?") e la vai ele feito robô tentando orientar esta "dança", sempre com os famosos 20cm de distância de segurança.
Eu já estava a beira do ataque de riso e a conter-me valentemente para não ser mal educada, quando de repente ele quer fazer um passo qualquer e eu, sem saber nada de nada de salsa, tropeço, piso-o, quase caio e levanto os ombros pedindo desculpa e dizendo "I don't know how to dance". Que desilusão fui para o homem ... e que vontade de rir ainda maior com o ar totalmente desamparado que ele tinha... então foi ele convidar uma ocidental e ela não sabe dançar ?!

Acho que a mensagem passou de tal forma que mais nenhum Japonês me desafiou...!

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Verdes perdidos



Made in Tokyo

Já tinha visto imagens deste tipo de edifícios num livro chamado "Made in Tokyo", que mostra algumas das excentricidades desta cidade... Andava de olho aberto a ver se as descobria e, eis se não quando, no fim do uma avenida parece me ver algo metálico e estranho ... Era ela !! A montanha russa em cima de um centro comercial!
E cá estão as fotografias para o comprovar, da aproximação à chegada.






quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Culture clash

99 (thousand yen) shop...

Em Ginza, bairro "chique" comercial... Mostro estas fotografias porque a nível de arquitectura, muitas marcas pedem a arquitectos conhecidos para lhes desenhar as lojas... Como por exemplo aqui a Dior, por SANAA (Sejima + Nichizawa).



Cruzamento de Shibuya

O cruzamento mais conhecido do Japão. Imperdível. Em breve um vídeo, porque estas fotografias não lhe fazem justiça...

Em breve uma descrição do bairro de Shibuya e de uma noite de salsa y merengue (comecem já a imaginar a combinação Japonês + salsa y merengue...).




99 shop

Depois do fim de semana em Tokyo, ontem regressei para um par de dias exclusivamente em Chiba, para tratar de assuntos “domésticos” (“quartíficos” seria mais adequado...) como roupa, supermercado, burocracias e, já agora, estudar um pouco também. Assuntos banais e comuns certo, mas não desinteressantes quando se trata de os levar a bom termo no Japão!

Começo pelo básico: as idas ao supermercado. Até agora confesso que não tinham havido muitas idas ao supermercado, dado que não tinha feito uma refeição em casa. “Que luxo!” pensarão talvez, mas não tanto assim. De facto, por cá encontram-se refeições pré-cozinhadas (regra geral noodles ou arroz com alguma coisa extra) por 2 ou 3 euros, é uma questão de ir às lojas certas. Até agora tinha-me limitado a ir ao que designo como “a minha loja preferida”: a 99 shop.

Como o nome indica, é a loja dos 99 yen, ou seja dos 0.60 euros. E tal como as nossas antigas lojas dos 300, tudo aqui se compra a 99 yens (+ taxas = 104 ... mas 99 yen tem bem mais impacto!).

Imaginem um supermercado, em formato de loja de conveniência, aberto 24h, mas em que tudo, mas TUDO se vende a 99y. Vejamos (e passo a relatar exemplos do que efectivamente já comprei):

- 1 maçã : 99y

- 10 envelopes : 99 y

- 1 piaçá: 99y

- 2 esponjas : 99 y

- 2 cenouras: 99y

- 1 pimento : 99y

- 1 faca de cozinha (e bem afiada!) : 99y

- detergentes vários : 99y

- 30 molas de roupa: 99y

- 5 m de corda para roupa: 99y

- 5 cabides: 99y

And so on ... como podem ver a escolha é muito variada... quanto à qualidade, a comida é perfeitamente aceitável e parece me que os preços até são iguais aos de um supermercado normal, dadas as quantidades. Os objectos também parecem resistentes mas tenho dúvidas quanto aos detergentes... Vamos acreditar que sim senão tenho os meus pratos cheios de micróbios ... yuk.

Duvidando portanto da qualidade dos detergentes, tive de me dirigir a um supermercado mais convencional ... mas não sei se me facilitou assim tanto a tarefa, pois não existe uma única indicação em Inglês, onde então tudo se compra por instinto.... até agora ACHO que comprei detergente para a roupa e amaciador, e comprovei ao jantar que acertei no molho de soja e no azeite (sempre tinha umas azeitonas na embalagem). Uma dúvida subsiste: o leite de soja. Talvez alguns de entre vocês saibam que me mudei para o mundo da soja... mas quem diria, no país dela, estou com as maiores dificuldades em descobrir!! Até agora, comprei por duas vezes leite de vaca (e do bem gordo) e quando finalmente achava que tinha a embalagem correcta (branca e verde, como me tinham indicado), saiu-me na rifa uma espécie de limonada. Para a próxima havemos de lá chegar e, melhor ainda, perceber o departamento dos frescos, que são um amontoado de produtos derivados da soja e lacticínios, peixes sob todas as formas e feitio e alguma carne, da qual terei naturalmente de adivinhar a origem.

Existe ainda na maioria dos supermercados (como pude notar nas minhas investigações para o famoso centro comercial de subúrbio) uma zona enorme de comida pré-feita. A estrutura desta zona parece a de um mercado tradicional, mas em vez de termos a bancada do peixeiro, do queijeiro e da charcutaria, temos stands extremamente cuidados e arranjados de bolos franceses cheios de natas, pastelaria francesa, pastelaria japonesa, pastelaria inglesa, doces e mais doces (uma tentação pegada, e não estou a exagerar!), sushi, massas, noodles, arroz, sopa miso, chás, cafés e até mesmo – e que saudades tinha delas! – um enorme buffet de saladas! Sim, porque entre noodles, arroz e bolos e muito poucas saladas por aí, não sei como é que as japonesas conseguem manter a linha...

Perante a saudade do verde, dei-me ao luxo (e aqui sim foi um luxo de 9 euros) de hoje ao almoço comprar uma refeição pré-cozinhada, e escolhi obviamente uma deliciosa salada de presunto com limão confit, diversos tipos de verde, brócolos, pinhões e nozes... Mas quem bem que me soube!

Melhor ainda – ou mais alucinante! - foi o cenário em que sentei para almoçar. Não consegui tirar fotografias – fiquei sem bateria – mas tentem imaginar.

Ia eu à procura de algum verde pelo centro da cidade de Chiba – tinha lá ido tratar do telemóvel – quando, enganada por umas árvores que espreitavam por entre dois prédios, apercebo-me que não estou não no meio de um parque verde, mas de um parque de bicicletas e por cima de mim, em vez de troncos de árvores, os pilares monumentais do monorail de Chiba, e um brutal cruzamento de linhas de comboio aéreas. Que cenário. O comboio terrestre a passar à frente, as carruagens do monarail – que são suspensas – a voar por cima da minha cabeça, o céu tapado pela estrutura da linha de monorail e aqueles pilares de metal com uma altura de 9 andares ... Não era o bucólico que procurava, mas deparei-me com o tecnologicamente bizarro que se imagina encontrar por estas terras... Lembrando ainda a salada de “luxo” que tinha nas mãos e o Bruckner que estava a ouvir, combinem todos estes elementos e têm o meu almoço surrealista, no verdadeiro sentido da palavra.



ps: vou fugir à regra da escrita cronológica, e mais tarde escrevo sobre o fim de semana em Tokyo...


Bicicleta




Parece que também se vendem aí, mas cá, sendo uma boa hipótese para se poder levar a bicicleta no metro, ganha outra importância.






Metro 3

















O último comboio.


Situação: esta senhora está totalmente apoiada e a dormir profundamente em cima do rapaz - Greg de seu nome, francês também de arquitectura - cujo nariz se vê no canto superior esquerdo. O Manuel, em plano de fundo, o Japonês e eu (por detrás da máquina), perdidos de riso.





Ás 5 da manhã, no primeiro comboio depois de uma noite de sábado.

Metro 2

Estilos.