terça-feira, 23 de outubro de 2007

Tour Geriátrico

Antes de mais, peço desculpa aos mais fieis leitores por ter descuidado o blogue nos últimos 4 dias ... pois é querida Tia, a vida por cá é bastante intensa e vão se acumulando coisas para fazer e.
.. coisas para contar !! Por isso hoje voltei para vos pôr a par. Cá vamos.

Há já uns 10 dias (que cá parecem uma eternidade, não por aborrecimento mas pela quantidade de eventos durante um só dia ... cá não se vivem 24h mas 48...) conheci uma turca, também arquitecta, que cá está há já três anos, e me conto uque no primeiro ano dela tinha descoberto meia Tokyo com um grupo de reformados na Universidade de Tokyo, cujo hobby era passear jovens estudantes estrangeiros, mostrando-lhes partes escondidas de Tokyo.

Obviamente, achei absolutamente imperdíveis tais visitas e perguntei, se não fosse inconveniente, se me podia dizer onde encontrar esse grupo maravilha. Dito e feito, passados dois dias ela manda-me um email a dizer que já tinha dado o meu nome ao organizador - chefe, e que em breve receberia um contacto deles. No mesmo dia recebo efectivamente o seguinte mail:

dear Miss Maria Cudell
Thank you for your mail.
You are welcome to join our activities .
Coming Saturday we will visit Rikugien Garden as attached .Can you come to it?
That is the most beautiful Japanese Garden in Tokyo. We also visit a town
near by where old Tokyo remains.
HIsanori Tanaka

como poderia negar tal convite ?? "most beautiful garden in Tokyo ? " "town where old Tokyo remains"... Vamos a isso !!

E no sábado, às 13h em ponto lá estava eu debaixo da cerejeira à porta de estação de metro - acho que um encontro destes só podia ser marcado por um Japonês... - onde encontro um verdadeiro clube geriátrico, divididos em 4 grupos, cada um com a sua bandeirinha prateada a indicar o número do grupo. De repente revi os bandos de turistas Japoneses a passearem-se em Paris (e agora já mais comum, Lisboa), sempre com a famosa bandeira ou algum objecto comprido.

Quando todos os "jovens estudantes " tinham chegado e sido devidamente colocados no seu grupo, seguimos para a visita da "old Tokyo". O que entendiam por isto ? Uma antiga rua mercante, com algumas lojas novas e outras velhas - desculpem me a descrição, mas foi assim mesmo que um dos senhores me descrevia a rua, loja a loja "here a new shop. here an old shop. here a new shop . here an old shop..." and so on and so on. E no final da rua, como se para se purificarem de tanto consumismo, um templo.

O templo (templo refere-se sempre a templo budista, enquanto "shrine" - altar ? - se refere ao xintoísmo) era, segundo um dos meus guias, muito popular nas pessoas mais velhas, pois era dedicado a KOGANJI, e aqui se rezava para "togemuki" o que significa "tirar as maleitas" e também especialmente tirar as maleitas da família. Percebem agora porquê o ser muito querido pela velhada nipónica ... pelos vistos têm as mesmas preocupações que a nossa !!
Neste templo lá fui encaminhada para as fontes de água, para me purificar também, lavando as mãos e bebendo um gole, e para uma espécie de cinzeiro gigante de incenso, cujo fumo também nos purifica.

Após todo este ritual, e sempre com os meus guias a indicar passo a passo como pôr as mãos e o que fazer ou pensar, só faltava mesmo deitar a moeda em frente à égide... mas não era bem deitar, mas sim atirar para um receptor enorme. Quem me conhece perceberá quando disser que fiquei contente por ter acertado e não ter feito um estardalhasso no templo! Quanto às orações, espero que dêm resultado e que a minha querida família se encontre bem disposta... se não foram por intermediário de Koganji, com certeza o nosso Deus as terá ouvido.

Entretanto, deu para ir conhecendo estes personagens que se entretinham a passear e conversar conosco. Eram senhores reformados, nos seus 70, que se tinham formado na Universidade de Tokyo e seguindo, regra geral, uma boa carreira, desde doutorados em virologia a chefes de mega empresas, passando por representantes da ONU. Daí que todos falassem inglês e estivessem interessadíssimos em conversar e explicar como era o Japão e perguntar, em retorno, como era Portugal - todos conheciam obviamente o vinho do Porto e Pão de Ló, que cá também existe e se chama Castela.. houve algum equívoco na história deles pois foram chamar de Castela a algo que era nosso...!

Depois de sermos alimentados com doçarias e coisas estranhas locais ("so, like it?" "oishi desu" respondia eu no meu melhor Japonês... ao qual eles se riam perdidamente. Eu bem tento ....), seguimos para a fase dois do passeio, o famoso jardim mais bonito de Tokyo, o Rikugien.

E se era ! Perfeitamente cuidado, desenhado, com plantas escolhidas a dedo e as primeiras folhas a mudar de cor para um encarnado forte.

Que paz se vive ali, mesmo com mais visitantes - só Japoneses, que ali vêm respirar um pouco - realmente serve como escape à cidade. Saindo de lá sentimo-nos com mais energia e mais felizes (ainda!), tanto pela dose de O2 que recebemos, como pelo paisagismo em si.
Á entrada do jardim, um dos senhores, Kozumi Koike, decidiu que seria meu guia pessoal e, se eu não me importasse, me acompanharia durante a visita. Com certeza, respondo eu, e fui sendo orientado aos gostos e filosofias japonesas... a folha que cai, as árvores que dão energia positiva, as que enervam... fantástico!! Pelo caminho ia pegando no meu caderninho e escrevia-me os nomes das coisas em Japonês, e se necessário com um pequeno desenho ao lado. É impressionante a capacidade de expressão através do desenho que, regra geral, os japoneses têm, provavelmente pelo carácter pictográfico da escrita...

Dentro de um mês mais uma visita me espera ... até lá ficam com as fotografias !



A rua comercial ... atenção à bandeira prateada !

O templo



E agora deleitem-se com o jardim...







Não podia deixar de apresentar o meu guia, Kazumi Koike:

3 comentários:

Unknown disse...

Pois é! Breathless o jardim. Jardim? Acho mais o Eden na terra. Um cheirinho a Paraíso mesmo. Clean, clean, clean. Até tenho medo que te faça mal eu babar tanto com as tuas fotog. Não, não é inveja, é "Ai que sorte, ai quem me dera, thank God!".E o extraordinário da ideia dos reformados. Por comparação com os nossos que suspiram pela reforma, para se enfiarem num fato de treino a comer santola num centro comercial. Não te enerves com o castela do pão de ló. Foi o que lhes ficou da explicação das claras batidas em "castela". Investiga aí se sobra algum reformado (escolhe o + novo e interessante)que recolha ou adopte, ou acolha, pré-reformadas lusitanas. Ou uma joint venture dessa nobre actividade overseas? Ora, ora, nas tuas mãos deposito o meu futuro. O q tb seria um bom investimento para ti, porq não só terás de me visitar menos no Lar, como talvez venhas a ter assegurado alojamento em Tokyo forever. Ah! Fiquei ainda mto contente com o apontamento do teu colar à tia Min. E por colar : há pérolas nesses densíssimos markets? Nunca viste? Passa a olhar melhor. Este blogue é um consolo. Bjs. Min

Isabel disse...

Que amor!
Dá para adoptar? Também quero um guia minimo 75 anos só para mim!!!
Como consegues manter o blog actualizado? És a maior! Leio de mês e meio em mês e meio e depois tenho que cá ficar horas. Mas fico a saber tudo ao menos isso.

Cá para mim não sais daí sem encontrar uma dead barata atrás da cama :) Viva Moçambique e as suas belas recordações.


Olha e vê lá não te mates tou-te a ver a fazer mil coisas. Olha que o super-homem é ficção, e a super-maria também, apesar de ela ainda achar que não...

BJS!!!!

Anónimo disse...

I inclination not approve on it. I assume precise post. Specially the title-deed attracted me to be familiar with the intact story.